Extensa carta sobre tudo

MINHAS IDEIAS ESTÃO FORA DE ORDEM - Me sinto sozinha, pra variar. É como um dia eu disse e que sempre vai ocorrer na minha cabeça: Tenho amigos, tenho uma bolsa na faculdade, tenho namorado, tenho dinheiro o suficiente... Mas nada disso ainda me satisfaz, pois estão incompletos. Antes não sabia o motivo da minha tristeza, hoje tenho uma ideia. Tenho amigos, mas não sei se são (no mínimo) confiáveis. Tenho dinheiro, mas não tenho emprego, logo isso um dia (também incerto) vai acabar. Pode ser amanhã por conta de uma situação grave que terei que gastar o que me resta ou daqui um tempo, não sei! Tenho bolsa na faculdade, mas não tenho certeza se é realmente isso que quero, pois nunca tive uma real ou boa experiência na área. E pra piorar, não tenho o costume de estudar direito, nem o ânimo de fazer o que gosto (como desenhar, ter ideias de organização ou decoração por exemplo). Tenho namorado, mas meus sentimentos sobre ele são confusos e não é certo que ele me ame assim. O incerto e o incompleto me perseguem.
E como um dia também disse, me parece que vir a esta cidade ou terminar o namoro destruiu totalmente a noção de "sorte" na minha vida. Antes eu tinha sorte: tinha força para correr atrás, tinha sonhos e objetivos concretos que me faziam continuar e ao menos acordar querendo seguir todos os dias. Não sabia (e ainda não sei) se eu era feliz, pois tinham coisas que me perturbavam e chateavam. Mas pelo menos meus sonhos eram concretos. E eu tinha mais certeza sobre meus sentimentos mais íntimos.
Descobri nesse meio tempo que sou movida por amor. Por amor eu mudo muita coisa, mudo talvez o rumo da minha carreira profissional, mudo meus sonhos, mudo de cidade, viro inimiga dos meus próprios pais e irmãos. O que o amor determinar eu farei. É uma das certezas que possuo. E até junho de 2014 eu tinha um amor que me cegava, porém me fazia seguir em frente. Eu não via tantos problemas, fazia absurdos e perdoava facilmente... Tudo isso acabou, junto com minha adolescencia e minha suposta "pureza". Mudei de cidade, resolvi que queria seguir uma vida independente (o que exige maturidade) e que faria o que me desse vontade. Por isso não tinha ajuda dos meus pais, sequer dos meus amigos. Tive um apoio dos mais próximos, o que talvez me ajudou mas não foi o suficiente quando a merda do meu namoro terminou. Que bosta!
Meu antigo namoro era bom até determinado ponto e momento. Ele não era nada perfeito. Era bravo com tudo, gritava com a mãe, gritava pra dar oi e às vezes em algumas brigas. Ele tinha (e ainda deve ter) um amor incondicional pela música, o que era bom pois combinava comigo, porém ruim pois ele esquecia às vezes que tinha uma namorada. Era religioso, mas com mente aberta para entender minha crença oposta à dele. Tinha poucos amigos mas levava à sério essa coisa de amizade. Era super sincero, chegava a ser chato ou inconveniente às vezes. Isso é o que lembro, aos poucos estou esquecendo... Não me lembro o que me fez gostar dele e não muito o motivo qual terminamos. Lembro que estava insustentável. Eu queria apoio e companhia pois era tudo diferente em uma cidade nova e enquanto isso ele estava preocupado com sua carreira. Não tiro a razão dele, mas acho que ele me conhecia o bastante (3 anos juntos, porra!) pra entender que eu gostava da companhia dele. E já entendia que não iríamos nos ver com a mesma frequência de antes, mas ao menos eu exigia um bom dia ou boa noite e conversar com ele todos os dias (de preferência por ligação) pra saber se ele estava bem e como seguiu o dia. Poderia parecer monótono, mas era a carga de energia em mim. Saber que está bem, que ainda lembra de mim, que se importa comigo. Mas isso não ocorria. Ele ficava bravo por eu ligar ou pedir isso pois o dia dele era o mesmo de sempre. Sequer vinha à minha cidade pois não se sentia bem onde eu morava. Justo agora que eu estava livre e que aqui podíamos fazer o que quiser. Era no máximo uns quarenta mminutos de ônibus e vinte e cinco reais de passagem no total. Eu que tinha que ir à cidade dele, sacrificar meus finais de semana de trabalhos da faculdade pra ficar ao lado dele enquanto ele jogava videogame com os amigos ou estudava para algum concerto ou prova. Depois eu voltava pra casa e virava noites acordada para dar conta de todos os trabalhos e tirar uma nota maior que 8. E aquela época trabalhava no comércio, mal tinha tempo. E ainda assim conseguia fazer tudo! Eu fui guerreira (como minha falecida bisavó disse a última vez que nos falamos)....
Fui, pois o namoro terminou, perdi um estágio bacana por conta do desanimo e meu desempenho na faculdade caiu bruscamente no 2º semestre (mesmo desempregada e com tempo de sobra). Continuo sem emprego e cá estou, em véspera de feriado (grande bosta) sozinha. Mais uma vez!
Daí te conheci, foi em setembro... Foi tudo novo e eu senti um tiquinho de medo, mas arrisquei pois achava que pior que estava não poderia ficar. E não ficou. Você me surpreendeu, acho que vice-versa. Começamos a namorar cedo, no segundo dia que nos conhecemos. E no quarto dia nos envolvemos intimamente. Pra mim não era mais um tabu tão grande. Minha experiência com sexo começou bem cedo, na verdade. E depois de perder minha virgindade isso já não importava.
Você é uma pessoa diferente (ou parecia ser) e insubstituível (como qualquer pessoa). Tem qualidades únicas e defeitos que talvez eu já esteja acostumada. O que me assustou no começo e agora me deixa feliz são seus planos em relação a uma família. Você parece levar bastante à sério. Quando nos conhecemos isso me assustou pois eu estava meio traumatizada (a família que eu planejava nunca existiu) mas agora conseguiu me convencer e me fazer sentir à vontade com esse assunto. E você é romantico em uma medida que me satisfaz. Gosta de dar e receber presentes, leva isso à sério até demais (eu prefiro a companhia a qualquer presente). Você é inteligente, o bastante para me ensinar boas coisas, mas também com um misto de teimosia que não abre a cabeça a novas perspectivas ou ideias. Sorte que estou aprendendo a encerrar assuntos quando vejo que nossas ideias não batem muito, ou apenas dizer um "entendi" quando é algo que não concordo. Nossas ideias e mundos, aliás, são bem diferentes. Uma pena que você critique isso pois me magoa (mas eu engulo e perdoo, penso que talvez por você ser mais velho tenha razão, e se não tiver isso de qualquer forma vou aprender com a vida).
É caseiro, até demais, que ultimamente anda me incomodando. Todo final de semana eu planejo e crio expectativa da gente sair pra dançar ou apenas se divertir e isso não ocorre. Ando até me desapegando do dinheiro e me permitindo gastar além do que planejo para isso não atrapalhar, mas mesmo assim prefere ficar em casa. Na sua casa aliás, pois no começo do nosso namoro você dormia comigo com mais frequencia (acho que isso me mal acostumou) e atualmente isso se tornou mais escasso. Não sei se é porque aqui não há a infraestrutura (computador ou comida) como tem na sua casa, de forma que as refeições são sempre iguais e não há muito o que fazer aqui, te deixando entediado. Ou se seus pais ficariam bravos por você ficar muito tempo por aqui e não na sua casa. Ás vezes me vem a vontade de te incentivar ou até ajudar a encontrar um espaço só seu para ver se isso muda.
Ás vezes me vem em mente de que se cansou de mim, ou que tudo está monótono, ou que a "fase da conquista" acabou e já está acomodado. Ainda assim não entendo, por exemplo, porque hoje não estamos juntos. Eu, com a mania de querer companhia amorosa, largo tudo, mudo meus planos e até mudo de cidade se for preciso pra ficar perto de quem eu amo. Você sequer cogitou de me ver, ou me convidou pra te ver, ou demonstrou essa vontade. Depois pede RECIPROCIDADE, mas como se você não demonstra quando há oportunidade e tempo? Minha vida já é repleta de incertezas e meio termos, daí você aparece como se algo fosse mudar mas acaba sendo apenas mais uma incerteza, mais uma coisa pra eu me preocupar e me sentir triste. Pode ser que a TPM esteja piorando, mas você sabe que isso é recorrente, mesmo que evitamos.
Ontem, se eu não tivesse te chamado, será que viria?
Voce me coloca na sua lista de tarefas ou planos pro dia?
Eu, logo que acordo, penso em você. Ir à faculdade não é mais sempre uma obrigação pois vou passar uns minutos contigo. E assim eu considero meus dias, pois eu respiro amor e necessito disso perto e presente. Não te peço pra largar tudo, pois isso nas relações quem costuma fazer sou eu. Isso não é um problema pra mim e sei que é até perigoso, mas não ligo.
Além disso tudo, dentro de mim há um fogo que qualquer pessoa desejaria ter. Se pudesse e se eu me sentisse desejada, dormiria com você praticamente todos os dias (se é que me entende). Leio sobre esses assuntos e procuro a cada dia diminuir minha timidez para que eu possa realizar todos os desejos íntimos que me vem à cabeça. Eu não sei se é a idade ou se porque é tudo novo ainda pra mim, só sei que penso e ás vezes tenho que buscar em mim mesma o prazer pois você não está (e não pode estar) comigo sempre. Hoje de manhã foi um exemplo disso.
Por que, afinal, não estamos juntos? Não estamos nos amando?
Por que estou aqui escrevendo há minutos? Por que sinto essa dor dentro de mim que não acaba nem diminui?
Tenho motivo plausível que é a incerteza da vida que me assombra desde ano passado. Porém queria que você fosse algo certo, concreto. Não consigo sentir isso! Sinto que gosto muito de você (não é a toa toda essa carta) e sinto que você já está acompanhando e ajudando a me transformar em uma mulher forte e incrível. Minhas unhas é um exemplo visível e minha estima e defeitos aos poucos estão melhorando.
Mas o que me importa, de verdade, é o amor. É a companhia. Não preciso escrever de novo o que sou capaz por amor. E deixei claro aqui que meu passado ainda influencia nessa insegurança.
Ainda não sei se sou feliz. Esta é a dúvida de séculos no mundo. Só sei que me sinto bem com você. Não quero me cegar novamente pois isso pode me prejudicar mas preciso de você do meu lado. Faço o que estiver ao meu alcance pra isso, mas depois de tudo que já sofri no passado, a partir daí espero (e cobro) sua companhia.
Espero que entenda. Não sei mais o que é preciso falar ou deixar escrito aqui. Quero que guarde todas essas palavras até que meu desânimo acabe. Até que eu esteja segura (pelo menos) em relação ao nosso namoro.
Não quero terminar com você, mesmo que essa vontade repentinamente me vem todas as vezes que essa dor me ataca. Mas, se ao ler tudo isso você não se sinta bem pra continuar, eu vou entender. Não posso te forçar a nada. E da solidão eu preciso mesmo me acostumar.
Só quero que acabe tudo bem para mim e para você. De preferência, com um "nós"!
Com amor.



Ps.: Já adiantando, feliz 7 meses. Que melhore e permaneça incrível


[Obs.: Eu tô sempre errada, né?!. Peço que entenda o motivo dos meus erros]